sexta-feira, 30 de junho de 2017

É Câncer de Mama!!



          " É câncer de mama!!" 


Como você reagiria ao se deparar com um diagnóstico desses?  



          Precisei pensar rápido e decidir de uma vez por todas que postura eu iria tomar diante dessa situação.

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Pensei em algumas opções:


1- Iria assumir o papel de vítima, me lamentar pelos cantos, me enterrar em cima de uma cama, decretar o meu fim e sentir pena de mim;

2- Iria me revoltar, chorar, gritar, me descabelar e esbravejar contra Deus, questionando o que eu havia feito para receber esse castigo. Foi mágoa guardada?! Kkk era o que algumas pessoas costumavam dizer que causava câncer. Logo eu, que não guardo nem dinheiro, vou guardar mágoa?! hahaha

3- Iria respirar fundo, levantar a cabeça e me preparar prá enfrentar tudo o que viesse pela frente, da maneira mais leve possível.

          
          Opção 3! Sem pestanejar!

          
         É claro que um câncer, aos 30 anos (e acredito que em qualquer idade) assusta MUITO. Por alguns instantes após ler o resultado da biópsia senti o chão sumir debaixo dos meus pés. Tive aqueles 5 minutos de ausência...de dormência..onde não conseguia pensar em absolutamente nada!! Apenas uma frase ecoava na minha mente : "Estou com câncer!!!"  

          Minha amada e falecida avó, que Deus a tenha, sequer pronunciava a palavra Câncer. Ela dizia "aquela doença". "- Fulano está com "aquela doença".   E agora era eu quem estava com "aquela doença". 

          Muitas dúvidas passaram pela minha cabeça nesses 5 minutos "fora do ar".  Mas em nenhum momento tive dúvidas sobre qual postura eu iria tomar diante do câncer. Era uma escolha que somente quem está no olho do furacão pode fazer. Ninguém podia decidir por mim.  

         Respirei fundo, levantei a cabeça e decidi enfrentar "de peito aberto" (entendeu o trocadilho?haha) o que estava por vir... a missão agora era compartilhar essa notícia com a minha família. 



                              E pode ter certeza, essa foi uma das coisas mais difíceis que eu tive que fazer até hoje.


          

quinta-feira, 29 de junho de 2017

O diagnóstico




          Durante a ultrassonografia das mamas, a médica franzia as sobrancelhas, olhava prá mim...olhava pro monitor...tornava a olhar pra mim....e fazia perguntas: 

          "Tem casos de câncer de mama na família? Você faz auto exame com frequência? Amamentou? Como você descobriu o nódulo?"  Ela emendava uma pergunta na outra e eu ainda estava na primeira, tentando me lembrar se alguém tinha tido câncer de mama na família. 



          Finalizado o exame, com o semblante bem preocupado, ela disse que eu precisava fazer uma biópsia e me entregou o laudo da ultrassonografia..... e lá no final....depois de um monte de palavras e medidas, estava escrito: BI RADS 4C . 


Que diabos quer dizer isso?? 

Sem pensar nem uma vez, quem dirá duas, joguei o resultado no  Dr Google. Pronto!!! Por mim, nem precisava mais da biópsia. Eu já sabia do que se tratava. Assim mesmo ..na bucha! Na lata!  Nunca fui pessimista, que fique bem claro! Mas sou muito realista. No fundo...desde que vi aquela bolinha na tomografia do tórax, já sabia o que era. 

          Dia seguinte, às 7 horas da manhã, eu ja estava realizando a Core Biópsia. 

Trocinho incômodo. É uma espécie de agulha bem grossa, que vai la dentro da mama, colher pedacinhos do tumor. Não chegou a doer, pelo menos em mim...mas é bem chatinho. 



          Exame realizado...7 dias prá sair o resultado. E no meio disso tudo, não contamos nada a ninguém. Somente eu e meu marido nessa espera angustiante pelo laudo da biópsia. 

          Dia 07 de Novembro (vários números 7 nessa postagem kkk. Dizem que o 7 é o número da perfeição...e sim, Deus foi perfeito em tudo!) recebemos o resultado: Carcinoma Ductal Invasivo Grau III.  Meu marido ficou doidinho da Silva..eu sorria...ou Só Ria! Fico nervosa, desato a rir....tenho crise de riso no meio do caos... impressionante. 

           A espera pelo resultado me deixou mais tensa do que a confirmação da doença. Até chorei 1 vez, de tanta aflição, nos 7 dias que antecederam o laudo. Só passava na minha cabeça, como eu ia contar isso às pessoas. Minha mãe, meu pai, minhas filhas, meus irmãos, minha sogra. A única coisa me preocupava naquele momento era somente a reação e o sofrimento das pessoas que eu amo. 



          A cura? Eu não estava preocupada com isso....ela já estava sendo providenciada!!











De repente....30


                 

          Peraí...30 anos????

Meu Deus...parece que eu fiz 15 ontem 😨. Tá bom vai, não foi "tão ontem" assim, mas passou muito rápido.

          Ouvi várias vezes que a partir dos 30 anos, a vida da gente muda.  E não é só o metabolismo que muda não, viu!!  A vida muda mesmo.  Começamos a enxergar as coisas de maneira diferente. E isso é a mais pura verdade.

          Cheguei aos 30,  bem satisfeita com a minha vida. Uma filha com 06 anos, descobrindo o mundo e a outra ficando uma linda mocinha, aos 11. Um marido sensacional, que dá a vida por mim (é o mínimo que ele faria, sem sombra de dúvidas) uma família maravilhosa: pais, irmãos, sogra (é...até a minha sogra é maravilhosa!!) enfim, o que mais eu poderia querer?

         Pois é,eu mal sabia o que me aguardava!

         Todos os 30 anos que eu vivi até o dia 31/10/2016 se passaram diante dos meus olhos, como um filme. Meio clichê dizer isso, mas é assim mesmo que acontece. Repensei tudo...revivi esses 30 anos em 5 minutos.....tempo que durou a ultrassonografia das mamas.

                                                                e pela cara da médica, não era coisa boa.....




Há males que vem para o bem...




          Essa frase nunca fez tanto sentido na minha vida, como fez quando descobri o câncer.

          Se eu não tivesse tido aquela trombose, que depois me levou a uma suspeita de embolia...e por fim, a tomografia, que acendeu um letreiro enorme, em neon escrito " PERIGO",  talvez até hoje eu não teria descoberto essa doença. 

          Doença sorrateira, silenciosa, traiçoeira...

         Ela estava ali, quietinha, crescendo dentro de mim, sem que eu percebesse....sem dar sinais (ainda). Não sentia nódulo, não tinha diferença entre o seio doente e o seio sadio...nada que acusasse a sua presença. 

          E diga-se de passagem, já era um tumor localmente avançado...ja existia a algum tempo e eu nunca tinha sentido nada. Me pergunto até hoje, como pode?! Parece que dormi sem nada...e acordei com aquele nódulo enorme no meu seio direito. E quando eu digo enorme, é enorme mesmo...um pouco maior que uma uva...em um seio consideravelmente pequeno. 

          E como não acredito em acaso, tenho certeza que aquela trombose não se instalou na minha perna do nada. Tinha uma missão mais que especial....me fazer olhar prá dentro de mim e ver o que se passava oculto, em silêncio, literalmente por debaixo dos meus olhos.

Realmente, há males que vem para o bem!! 

Onde tudo começou....

  28/10/2016      


            Era final de Outubro/2016 quando começo a sentir um incômodo na perna direita...aí vc me pergunta: "Mas o câncer não foi na mama??" Sim, foi na mama...mas vamos começar bem do começo e logo você irá entender.... Talvez esse incômodo na perna tenha ajudado a salvar a minha vida, literalmente!! 

         Voltando à perna, (quer dizer, ao assunto) senti por 3 dias a minha panturrilha queimar, arder, muito vermelha e inchada.....corre pro hospital, faz exames..PIMBA! Trombose Venosa Profunda! 




          Liberada prá casa, com uso de anticoagulantes e meias compressivas, repouso, perninha prá cima prá melhorar a circulação...eis que 1 semana depois de descobrir a Trombose começo a sentir uma forte dor no peito, acompanhada de falta de ar. 

          Cooorre pro hospital, já que poderia ser uma Embolia Pulmonar...complicação mais temida da Trombose!

          E lá vamos nós prá Tomografia Computadorizada...... Nada no pulmão...descartada a embolia!! Graças a Deus!!
"Mas peraí.... o que é essa "bolinha" (que nem era tão INHA assim) que está aparecendo aí???"  

Eis que o Dr me pergunta : " - Gisele, você ja havia notado algum nódulo na mama??"  Eu: " - Nunquinha Doutor!!" (respondo apalpando a mama e assustada, constatando a presença de um nódulo considerável, que eu havia sentido  alguns dias antes e não dei muita atenção). 

INVESTIGAR! 

Essa era a palavra de ordem.